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Betoneira conectada é prova de que a internet das coisas veio para ficar


Internet das construções: Sensores em caminhões que carregam concreto ajudaram Engemix a otimizar operações e economizar dinheiro (Canetti/Getty Images)


Se alguém um dia duvidou que a internet dominaria o mundo, os últimos dois anos, pelo menos, mostraram que quase não há mais motivos para acreditar no contrário. De cafeteiras e torradeiras a lâmpadas, fechaduras e carros, produtos dos mais diversos já podem ser conectados à web para diferentes funções. Mas se ainda restavam algumas incertezas quanto à ascensão desse conceito de internet das coisas, um conceito mais novo veio para ajudar a enterrá-las: o caminhão betoneira conectado.

A ideia foi desenvolvida pela brasileira TIVIT, uma fornecedora de soluções digitais, e é usada pela Engemix, braço especializado em concreto da Votorantim. A solução não é simplesmente um caminhão conectado à internet, mas sim uma betoneira incrementada com sensores, usados para monitorar atividades e enviar dados para análise das empresas.

O projeto surgiu da necessidade que a Engemix tem de manter um fluxo contínuo de concreto chegando nas construções de seus clientes. Em uma obra grande, como a de um prédio, são necessários algumas dezenas de caminhões, que não podem parar de chegar, ou a estrutura corre o risco de ser comprometida. Os veículos ainda têm menos de 3 horas para ir até o terreno, descarregar o material e voltar para recarregar.

É um desafio logístico, que criava um verdadeiro caos operacional. A fornecedora precisava dar estimativas de horários de chegada das betoneiras, para que os clientes ficassem preparados para recebê-los e fazer a concretagem (o processo de aplicação e finalização do material na construção). Mas atrasos (ou até adiantamentos) podiam acontecer, o que afetava toda a cadeia de processos, gerava reclamações e resultava em dinheiro e tempo perdidos.

A forma de minimizar o risco de problemas foi equipar os veículos com um conjunto de quatro sensores. Os equipamentos monitoravam a posição dos caminhões nos mapas e até mesmo o lado para o qual as betoneiras deles giravam. Se elas começavam a se mover para a direita, era sinal de que o concreto estava sendo descarregado.

Três caminhões foram usados nessa fase inicial de implementação da solução. Os dados enviados por eles pelas redes 2G ou 3G deram à Engemix uma noção melhor de como as operações fluíam. As informações também ajudaram a empresa a dar estimativas mais precisas de horário de chegada das betoneiras, otimizando todos os processos. A redução de perdas, com isso, foi de mais de 30% nos primeiros meses, segundo a TIVIT.

O resultado fez com que a aplicação dos sensores fosse ampliada, chegando a quae 100% da frota, e os dados fossem ainda melhor aproveitados. Os clientes, por exemplos, passaram a também ter acesso às informações de localização, diminuindo o número de chamadas recebidas pelo call-center. “E na terceira fase, a Engemix vai analisar como os hábitos de direção dos caminhoneiros afetam os gastos de manutenção e com combustível nos veículos”, explicou a EXAMENorberto Tomasini, diretor de negócios digitais da TIVIT.

Internet em tudo

O caso das betoneiras conectadas é só mais uma prova de que a internet das coisas realmente veio para ficar. Nos próximos anos, inclusive, empresas vão investir alguns bons bilhões de dólares com soluções do tipo. Na previsão da consultoria IDC, os gastos com essas tecnologias vão chegar a 1,2 trilhão de dólares em 2022. O setor de construção civil, onde entra a Engemix, será o quarto maior responsável, com 14,9% desse total. À frente dele, estarão os governos, as áreas de saúde e de seguros e os próprios consumidores finais.

Esse aumento nos investimentos vai, claramente, fazer o volume de dados trafegando pelo mundo disparar. A previsão da fabricante de equipamentos de telefonia Ericsson é de que as conexões às redes móveis cheguem a 3,5 bilhões em 2023, gerando oito vezes mais dados do que hoje até o final do mesmo ano — serão 107 exabytes por mês. Por sorte, as redes 5G ajudarão a sustentar esse tráfego todo, sendo as responsáveis por 20% dele. O que estamos vendo hoje, portanto, parece ser só o começo.


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